segunda-feira, 4 de março de 2013

Segunda chance para Brasília

O meu interesse pelo novo começou a partir da minha primeira mudança para Brasília, sozinha e com 17 anos. Foi uma grande mudança de vida, como uma abertura de muitas portas. Fiquei distante de tudo o que era familiar, e passei a encarar novos costumes e situações.
Morei os cinco anos no mesmo lugar e não conheci meus vizinhos. Esperava uma vida típica de cidades universitárias, mas me deparei com um ambiente de grupos pré-definidos, como a turma do ensino médio, da academia, do cursinho, da igreja... Em qual grupo me encaixaria?
A dinâmica profissional de Brasília atrai pessoas de todo o país. Elas chegam na cidade para trabalhar ou estudar, mas, por terem deixado família, namorados e amigos nas cidades de origem, voltam para elas na maioria dos finais de semana e feriados. Não se dão a chance de viver Brasília.
Essa foi a minha vida durante os primeiros anos aqui. Qualquer sobra de tempo e de dinheiro seria empregada para voltar para "casa". E quando não dava, nada em Brasília era bom, visto que na minha origem tudo era diferente, mais prático, mais fácil.
Dessa forma, a principal descrição que fazia da cidade, assim como muitas outras pessoas, era: Brasília é uma cidade fria, cheia de espaços vazios, sem ninguém na rua, com muita coisa a preencher.

Foi com essa caracterização na cabeça (e por outros motivos) que voltei para São Paulo. Dessa vez, a experiência do aprendizado também se expandiu muito, mesmo em pouco tempo, e isso merece uma outra postagem. Sinteticamente, achava que nunca mais voltaria para Brasília e, assim, estaria livre daquela frieza e solidão!

Peripécias da vida ou não, após 1 ano e 7 meses de vida paulistana, tive que voltar para a capital. Voltei com condições bem diferentes (mais madura, acompanhada, com mais recursos...). E essa segunda experiência de viver em Brasília me fez dar uma outra chance para a cidade. Tudo o que havia sido frustrante da primeira vez foi revisto para ser diferente agora. A lógica da cidade assusta sim, a dinâmica dos grupos ainda existe, e, o pior, a família ainda está muito distante. Porém, ao invés de querer sair daqui em qualquer oportunidade, passei a buscar viver Brasília.

Viver Brasília significa explorar as peculiaridades dessa cidade, que são tantas! Significa você criar laços com seus habitantes, seus grupos. Significa você não se limitar a rotina trabalho/estudo e ficar pensando só na sua origem, mas se abrir às condições daqui. Agora não penso mais em voltar para "casa", visto que minha casa é onde eu vivo. Foi com essas intenções em mente que passei a amar essa cidade e, hoje, tento ajudar os novatos na capital a encararem a vida aqui dessa forma.

Brasília pode ser fria se as pessoas não derem essa chance.

Esse primeiro post me ajuda a entender como a abertura ao novo é importante para melhorar nossas vidas. E, principalmente, que a mudança no olhar pode tornar novo qualquer coisa já vista.

                                      Céu de Brasília que tanto me fascina. Nunca vi nada igual.


Um comentário:

  1. Que bom poder rever os sentimentos, é uma arte,
    as vezes as pessoas esquecem que isso é possivel.
    Ademir

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